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Campineiro, o boi verde de Parintins, promete brigar por torcedores 'neutros'

Com a crianção da arquibancada verde, direção do boi-bumbá que não é tão conhecido como Caprichoso e Garantido quer resgatar tradição cultural do boi de pano

Bumbá cinza e com sol na testa quer que os 'neutros' simpatizem pelo boi que segue as tradições originais do boi-bumbá.

Bumbá cinza e com sol na testa quer que os 'neutros' simpatizem pelo boi que segue as tradições originais do boi-bumbá. (Jonas Santos)

Os dirigentes do boi-bumbá Campineiro anunciaram que entrarão na  briga para conquistar a simpatia dos torcedores “neutros” do Festival Folclórico de Parintins (a 325 quilômetros de Manaus). Os “sem-boi” assistirão a festa de uma arquibancada verde, que funcionará, este ano, entre as arquibancadas especiais dos bumbás Garantido e Caprichoso, no Bumbódromo. E o verde é a cor do Campineiro.


“Queremos convidar a todos aqueles que não têm boi, que torçam pela gente. Nós o receberemos de braços abertos”, disse o presidente do boi Campineiro, Eduardo Paixão de Souza, 60.

O Campineiro nasceu em 1913 e suas raízes estão fincadas na comunidade do Aninga, na área suburbana da Ilha Tupinambarana. A agremiação disputou o festival na década de 80 e, por falta de “padrinhos”, desapareceu do cenário folclórico. Além do verde, sua bandeira traz as cores amarelo e branco. O boi é cinza e tem um sol na testa. É o primo pobre dos afortunados bumbás Caprichoso e Garantido.

Feliz com a ideia da criação do espaço para os “sem-boi”, Eduardo Paixão diz que é de direito que essa torcida seja do boi Campineiro. “Nós somos verde. E o Campineiro é um boi ambiental. É o verdadeiro boi da preservação, da biodiversidade. E essa arquibancada verde tem que ser nossa”, afirmou Paixão, que é filho do fundador Emílio Souza.

O presidente esclarece que o Campineiro não quer disputar o festival com o Garantido e o Caprichoso. “Não queremos disputar com nossos primos ricos. Nosso objetivo é outro. O Campineiro está resgatando a cultura do boi-bumbá. O boi perdeu a sua identidade. Nosso boi é tradicional. Temos, por exemplo, pai Francisco e mãe Catirina que ninguém nem vê mais”, comentou Paixão.

Desde 2009 que o boi Campineiro se apresenta no Aninga. A programação é montada para o mês de junho. Com toadas no estilo clássico, o boi faz quermesse no barracão e desfila com seus brincantes pelas poucas ruas da comunidade. A dificuldade do Campineiro é a falta de patrocinadores. “Teve até uma empresa grande que já nos procurou, mas esbarra no contrato que ela também tem com o Garantido e o Caprichoso”, revela o dirigente.

O vice-presidente do boi verde é Braulino Lima, compositor do Garantido, o mesmo que fez a toada “Tic tic tac”, gravada pelo grupo Carrapicho, responsável por estrondoso sucesso na França. “Para o mês de junho estamos montando a programação. Queremos que o turista veja a nossa brincadeira. Este ano, estamos nos organizando para levar o boi a praça da Catedral, na festa da padroeira Nossa Senhora do Carmo”, disse o presidente.

A arquibancada dos “neutros” foi desaprovada por intelectuais, artistas e entidades da cultura parintinense que afirmam quebra da tradição e prejuízo à memória do festival folclórico. “Parintins é vermelho e azul. É uma cidade que não tem lugar para neutros. Ou você é Caprichoso ou é Garantido e pronto”, disse a presidente do Instituto Memorial de Parintins (Impin), Irian Butel.


Idéia foi Caprichoso e Garintido

A Secretaria de Cultura   do Estado (SEC) e os dirigentes de Garantido e Caprichoso acordaram a criação da arquibancada verde no Bumbódromo.  A SEC diz que a ideia partiu dos bumbás. A justificativa foi de que os torcedores poderiam perder a inibição estando em uma área neutra do Bumbódromo e, desse modo, escolheriam melhor o boi de sua predileção. Os ingressos são vendidos pela agência Tucunaré Turismo ao preço de R$ 700, bem mais caros que o primeiro lote, que era R$ 540.